Muitas mães e professoras de Educação Infantil devem conhecer a atividade de adivinhação: tudo o que precisamos para realizá-la é uma caixa opaca e objetos conhecidos da criança, sem que ela saiba o que foi colocado dentro. Ela deve colocar a mão dentro da caixa, escolher um objeto e dizer o que é sem retirá-lo da caixa.
Esta capacidade que as mãos tem de reconhecer ou identificar a forma e os contornos dos objetos através do tato, permitindo obter informações de peso, tamanho, textura e material, é chamada estereognosia.
Uma das aplicações mais interessantes desta capacidade das mãos é o sistema Braille, um alfabeto em que os caracteres são pontos em relevo. Combinando-se seis pontos salientes, é possível fazer 64 combinações representando letras, algarismos, sinais de pontuação e até notas musicais. Ele é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo.
O código foi criado pelo francês Louis Braille (1809 - 1852), que perdeu a visão aos 3 anos e criou o sistema aos 16. Ele teve o olho perfurado por uma ferramenta na oficina do pai, que trabalhava com couro. Após o incidente, o menino teve uma infecção grave, resultando em cegueira nos dois olhos. O Brasil conhece o sistema desde 1854 e cerca de 400 mil pessoas leem Braille no nosso país.
Ou seja, são pessoas que enxergam através das mãos!
Referência: Nova Escola
Mãos dadas podem mais.
Dr. João Nakamoto
CRM 104.340
Formado em Medicina pela USP e especializado em Ortopedia e Traumatologia e em Cirurgia da Mão pela USP, responsável pelo Grupo de Mão e Microcirurgia da UNICAMP, médico do Núcleo de Cirurgia da Mão do Hospital Sírio Libanês e médico do Grupo de Mão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.